Já é tão tarde...Por que estou acordada?
Se nada importante está acontecendo,
E se estou assim, tão cansada?
Ah, os porquês desta minha vida...
As mil perguntas que não tem resposta
Os tantos becos que não tem saída...
Tantas caixas de sonhos guardadas
Tantas por encher ainda...
E versos, rimas e palavras desperdiçadas
Risos que começam de um pranto que finda
E lágrimas que molham o som do meu riso...
Já é tão tarde...Por que estou acordada?
Se o mundo não precisa de mim
Se o mundo não quer nem saber
Dos meus becos, meus porquês de estar assim...
Se o mundo não quer saber nada
Se estou dormindo, acordada, enfim...
Do que mesmo estou cansada?
Da mesmice de anos, meses e dias inteiros?
Não consigo dormir, e ninguém sabe
Que meus olhos estão abertos no escuro
Invento histórias e conto cordeiros...
Retorno o filme da minha vida
E vejo na névoa uns pontos claros
Será a morte? Não, ainda não é
Já é tarde demais para lembrar que não tenho fé
Se não é a morte...então vou dormir...
Me entrego como um gato no colo do dono

Descanso da vida é a morte, como do dia é o sono...
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MOTIVOS DE MATE
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Ergui bem alto meus olhos pra o céu
Senti bem longe os sonhos de retorno
Lavando a erva a versos no papel
Coração avesso que perdeu o entono.
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Sei que destôo das cenas urbanas
Não me perdôo pelo que me fiz
Restando agora a um campeiro só as penas
Lembranças vagas de quem já foi feliz.
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Com as janelas de casa cerradas
Me entrego a um mate que me faz sonhar
Se ainda mateio pelas madrugadas
É por anseios de me reencontrar...
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Se ainda sorvo esse meu mate santo
É porque ele acalma a dor sentida
Mate é alma que inspira o meu canto
Amargo verde que me adoça a vida.
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Quisera eu nunca ter partido
Pra casa grande aqui na cidade
Sem identidade, sem nenhum sentido
Raiz sem terra, seca por saudade...

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