O Guri que eu não fui...

Na noite mais escura
Que o inverno já passou
Fechei meus olhos à procura
Da lembrança que ficou

Dos olhos de um pequeno
Que nunca pode brincar
De um guri já feito homem
Sem direito de sonhar

Da voz presa na garganta
Pranto querendo rolar
É sentença, não pergunta:
- Muito grande pra chorar...

Eu não guardo uma saudade
Da infância que não tive
O guri que eu não fui
No meu filho hoje vive...

Não são róseos, nem de amor
Versos que de mim eu faço
São rubros qual sangue e dor
Meio curvos por cansaço.

E assim minha vida passa
Muitas noites vou cismando
O que p’ra uns nasce de graça
Para outros, só plantando...

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